quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Jesus Histórico


De há muito a vida de Jesus, sua morte e o que ele representa para a humanidade continua a ter um fascínio, uma auréola de mistérios que muitos estudiosos de diferentes tendências buscam esclarecer e trazer novas luzes na tentativa de responder a muitas dúvidas e perguntas, cujas respostas sempre resultam na imagem de uma criatura extraordinária, apesar dos diferentes enfoques laicos ou religiosos. Seria cansativo e antiliterário relacionarmos citações e tratados de renomados pesquisadores e escritores nos assuntos referentes à vida de Jesus.O nosso intercâmbio mediúnico com espíritos desencarnados, detentores de cultura avançada,naturalmente nos conduziu a pontos comuns e também a uma avaliação sobretudo laica da excepcional figura de Jesus.
O Mestre Nazareno era Um Judeu da estirpe do rei Davi e descendia, portanto, da nobreza, conforme nos afirma o evangelista Mateus, 21:9 e 15, "Hosana ao Filho de Davi". Também o evangelista Marcos, 10:48, faz referência ao filho de Davi.
Jesus nasceu em Nazaré, uma aldeia da região montanhosa da Galiléia, na época sob o domínio de Herodes Ântipas, tetrarca da Galiléia e Peréia(4AC a 29DC)
A data do nascimento de Jesus ainda não tem uma unanimidade por parte dos pesquisadores acredita-se que tenha ocorrido entre os anos 6 a 9 da nossa era. Também a data de sua morte não tem ainda uma definição consensual, pode ter ocorrido entre os anos de 26 a 36 DC.
Jesus o Mestre Nazarenos, a maior inteligência de nosso planeta, viveu no meio do povo, como povo a quem muito amou. Trabalhou e sofreu por esse povo, pelos humildes, pobres e injustiçados.No relacionamento pessoal, não via a posição social das pessoas, mas apenas a criatura humana como era na realidade, pois possuía as virtudes integras constitutivas do seu próprio ser, que não se modulava às conveniências.
Após anos de viagens e estudos, voltou à Palestina culto e sábio para libertar o povo judeu mosáico, das leis desumanas, da opressão e da miséria. O Mestre Nazareno buscava esclarecer o povo oprimido para que, pelo conhecimento, se libertasse daqueles sacerdotes corrompidos pelas riquezas, ambições, poder e que se julgavam donos da vida e da morte.
A nossa referência à ascendência nobre de Jesus é apenas no sentido de maior admiração, porque o Mestre jamais fez qualquer alusão a este fato, jamais se prevaleceu desta condição. Como nobre tinha direitos adquiridos na sociedade israelense, por isso, quando da sua crucificação seu corpo não permaneceu na cruz. Este era um direito que até os romanos respeitavam, tanto assim que, quando José de Arimatéia pediu o corpo de Jesus para sepultar, foi atendido prontamente.
JESUS E O TRABALHO
Jesus e seu Pai José eram carpinteiros, fabricavam portas, arados, jugos para juntas de bois, etc. O Mestre Nazareno era apologista do trabalho e referindo ao CRIADOR, diz " Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (João, 5:17)  O fato de Jesus exercer a profissão do pai, um carpinteiro era absolutamente normal na época. Segundo o professor de hebráico na Universidade de Estudos de Pisa,Itália, Ângelo Vivian: "Para um hebreu religioso, o estudo do Tora era a mais nobre das ocupações, desde que acompanhado pelo exercício de uma profissão. A vasta maioria dos grandes doutores hebreus ganhava a vida com trabalho, como exemplo, o rabino Áquila vivia de recolher e vender diariamente um feixe de lenha, o rabino lehoshua exercia a profissão de carvoeiro, o rabino Meir era escriba. O rabino Iosa filho de Hlafta trabalhava o couro, Saulo de Tarso (Atos.18:3) fabricava tendas de couro e peles. Entre os artesões, a profissão de carpinteiro (naggãr em hebráico), gozava de muito prestígio.
-(La storia de Gesú - Rizzoli Editora-Milão,Itália).
O HOMEM JESUS E ALGUNS EPISÓDIOS SIGNIFICATIVOS
As pessoas subordinadas às influências religiosas poderão perguntar. "Mas então, Jesus não era um santo?"
Não, Jesus não era um santo, senão não teria valor nenhum seu esforço. Jesus tem o seu mérito pessoal e não se pode excluí-lo da condição humana, divinizando-o.
Como diz o escritor Venezuelano Jon Aizpúrua " Fizeram-no nascer de uma virgem concebido extracarnalmente, num ato de pré-gestação, obviamente plagiado da antiquíssima mitologia bramânica".
Jesus não era um agênere ou tampouco um ser sobrenatural. É preciso que se esclareça o dizer de Jesus: "Eu e o Pai somos um. O Pai está em mim e eu nele" (João 10:30 e 38).
O Mestre Nazareno após milhares de reencarnações em milhares de corpos, passando por uma cadeia imensa de mundos, evoluiu até atingir uma fase bastante elevada da sua evolução, compreendendo através da iluminação espiritual (sabedoria), que Ele era em Deus e Deus era Nele.
Jesus, inteligência multimilenarmente avançada em relação à cultura da época, soube inserir na filigrana das parábolas o objetivo fundamental, que é a reestruturação da sociedade em moldes de justiça perfeita.
Os seus ensinamentos aparentemente não têm cronologia, mas se notarmos bem, em todos eles existe uma conexão perfeita, profunda entre um e outro, porque todos são direcionados e têm como objetivo a consolidação da fraternidade na face da Terra.
- Jon Aizpúrua escritor venezuelano (Revista EVOLUTIVA N° 77- Caracas) Venezuela.
O evangelista Mateus no capítulo 8:8 a 13 narra a cura à distância do servo do centurião: "Vai-te e seja feito conforme a tua fé". Naquela mesma hora o servo foi curado.
O Mestre Nazareno é viril quando diz aos esvirros de Herodes que vieram para prendê-lo:"ide e dizei àquela raposa...."(Lucas,13:22).
É viril e másculo quando enfrenta Pilatos e os sacerdotes do Sinédrio, sem perder a dignidade, sem se acovardar em nenhum instante, conservando o semblante sereno e suave.
É corajoso quando penetra no Templo corrompido pelas negociatas, derruba as bancas de negócios escusos e expulsa os comerciantes da fé, das oferendas religiosas. Jesus não se curvava, não se subordinava às leis que privilegiavam uns em detrimento de outros.
Um episódio característico dessa independência ocorreu quando o Mestre Nazareno a caminho de Jeruzalém, repousou em Betânia, ficando na casa de Simão, o leproso, desobedecendo às leis judáicas quanto a pureza. (Marcos,14:3).
É também o Jesus viril, corajoso que se transforma em Jesus-ternura ao ver uma criança e diz: "Em verdade vos digo que, se não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Aquele que se tornar humilde como uma criança, esse é o maior no reino dos céus". (Mateus,18:3 e 4).
Jesus tem seus pés lavados com perfumes por Madalena, na época uma prostituta(Lucas, 7:36 a 38); Segundo o Prof. Francesco Lambiasi "Nenhum judeu reverente se teria deixado tocar e ter os pés beijados por uma prostituta" (La Storia de Gesú).
Jesus, O Mestre Nazareno, que defendeu a mulher adultera do apedrejamento e da morte inócua, dá uma magistral lição consubstanciada de sua célebre frase; "Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra". Posteriormente, levantando a adúltera pelas mãos indaga: "Mulher, onde estão os teus acusadores?- Se foram, Mestre, respondeu a mulher detida em flagrante adultério. O Mestre Nazareno dá a todos nós mais uma sublime e profunda lição: "Vai eu também não te condeno".
Jesus, que vibra sobre o leproso e diz: "Sê limpo"! E as carnes apodrecidas e fétidas se regeneram e se tornam sadias.
JESUS É MESTRE POR EXCELÊNCIA 
O Mestre Nazareno para muitos pseudopregadores e inconsequentes intépretes do Novo Testamento, é Deus. Confunde-no com Deus e é proclamado por grande número de pregadores de púlpitos como sendo Deus.
Estas absurdas e até mesmo infantis interpretações criam e estabelecem um quadro de confusão mental na grande massa, no povo simples e desprovido de cultura. Esses pregadores sem qualquer análise ou sustentação racional criam mais confusão do que entendimento.
O Mestre Nazareno é um espírito (homem) que há aproximadamente 2 mil anos reencarnou na Terra, como normalmente os espíritos reencarnam. O que difere dos homens é a extraordinária condição de evolução do seu espírito, exemplificando pelo proceder aquilo que ensinava.
Quando da sua passagem pela Terra, Jesus constatando que a religião era na época a base e a estrutura da sociedade, tomou por empréstimo a cobertura religiosa, mas nem por isso deixou de inserir habilmente, e em oculto, ensinamentos de ordem intelecto-evolutiva, um dos principais objetivos de sua missão. Mais oculto ainda, o módulo dinamizador do estruturante social, visando o congraçamento em torno de um ideal comum bem configurado em duas expressões: "Um só rebanho e um só pastor" (João, 10:16) e "Amai-vos uns aos outros" (João,15:17).
Jesus não disse que isso seria a redenção ou o caminho do céu, mas "ali" estava "toda a lei e os profetas", ou seja, o módulo operacional (amai-vos), o objetivo (um só rebanho) e obviamente, a causa e o efeito limitados ao círculo terreno. Jesus não pregou e nem estabeleceu nenhuma religião. Pregou, isto sim, a moralização, o auto-respeito e o respeito para com o próximo, a fraternidade e não a caridade, mas o amor a todas as criaturas. O Mestre veio para ensinar os homens e não para estabelecer cultos religiosos salvacionistas e bajuladores eivados de prometimentos cerúleos.
Jesus não trouxe nenhuma proposição que não estivesse ao alcance do homem aprender, entender, sentir e viver, senão teria sido um mero visionário inconsequente. Tudo é uma questão de tempo, apenas.
Quando o Mestre Nazareno diz: "Amai-vos uns aos outros", não está prefixada nenhuma data para que isto venha a ocorrer, mas o estado intelectual e sensitivo em que o homem deverá estar no futuro, para exercer esta recomendação. O amor é efeito não causa. Jesus foi e é mestre por excelência. O Jesus-exemplo porque vivia e praticava o que ensinava. O Mestre Nazareno não impunha mas, convidava sempre: "aquele que quiser vir após mim, tome sobre si a sua cruz e siga-me".(Mateus,16:24)
É preciso entender Jesus.Não é a cruz infamante do Gólgota, mas a da responsabilidade que de configuração infantil que vêm sendo difundida há muitos séculos, principalmente no meio religioso.[
O absurdo é atribuir a Deus a co-autoria da sua morte."Morreu e derramou o seu sangue para nos salvar"!!! Este seria um Deus sedento de sangue, decretando a morte de seu filho dileto, para gáudio dos salvacionistas. Já dissemos e voltamos a repetir: "Jesus estava consciente de que trazendo à Terra princípios que iriam abalar os fundamentos de uma sociedade hipócrita e inícua desde então, teria que suportar o suplício de uma morte igominiosa, pois era necessário este acontecimento como consolidador do idealismo puro".
O Mestre Nazareno, através das suas pregações, começou a preocupar o Sinédrio e Roma, principalmente quando os seus ensinamentos começaram a ser compreendidos pelos intelectuais da época. Naquele tempo de domínio e opressão, pregar para aquele povo injustiçado e explorado:" Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos"(Mateus, 5:6), representou na verdade a decretação da sua própria sentença de morte.
Francesco Lambiasi, Professor de Teologia Fundamental do Pontifício Leoniano de Anagui

Publicação de Kardec Online