quarta-feira, 12 de outubro de 2011


A CRIANÇA INTERIOR



 ''' A Criança Interior é uma poderosa presença. Vive no centro do nosso Ser. Imagina uma criança que começa a andar; saudável, alegre, feliz. Ao visualizar esta imagem na tua mente, sente a sua vitalidade. Com grande entusiasmo, explora continuamente o seu ambiente. Conhece as suas emoções (sensações) e exprime-as abertamente. Quando se magoa, chora, Quando está zangada, grita. Quando está contente, sorri ou ri às gargalhadas a partir do mais profundo seu ser. Esta criança é também altamente sensível e instintiva. Sabe em quem confiar ou não confiar. Gosta de brincar e fazer descobertas. Cada momento é novidade e maravilha. Das suas brincadeiras emana uma criatividade e vitalidade inesgotável.

  À medida que o tempo passa, a criança começa a ter que prestar cada vez mais atenção às pretensões dos adultos. A voz dos “crescidos”, com as suas “necessidades” e vontades, começam a afogar a voz interior e os instintos da criança. De forma cada vez mais vigorosa, pais e professores impõe as suas leis, dizendo: “Não é assim”, “Não exprimas o que sentes”, “Não se diz”, “Não se faz”; “Faz o que nós dizemos”, “Nós, é que sabemos”. (deves esconder o que sentes mentir...).

  Com o decorrer do tempo, as verdadeiras qualidades que dão à criança a sua vitalidade, — curiosidade, espontaneidade, capacidade de sentir e exprimir o que sente — são votadas ao esquecimento. No processo de “crescimento” e “disciplinamento”, “adestramento” e “educação” os adultos transformam a criança num previsível adulto. Ao erradicar a “vulnerabilidade da criança” (em simultâneo com a sua falta de autocontrole) danificam severamente o seu Eu Essencial. O Mundo dos adultos, não é um lugar seguro para crianças. Por razões de sobrevivência, o adolescente sepulta bem fundo e fecha às sete chaves o seu delicioso espírito de criança. A Criança Interior nunca crescerá e nunca irá a lado nenhum. Permanecerá Enterrada Viva, esquecida, na esperança de um dia ser liberta.

  A Criança Interior procura constantemente chamar a nossa atenção, mas a maior parte dentre nós, recusa-se a ouvir ou esqueceu-se de como fazê-lo. Quando ignoramos os nossos verdadeiros sentimentos e intuições íntimas, estamos a ignorar a nossa Criança Interior. Quando abdicamos de alimentar o nosso corpo e a nossa alma, negligenciamos a Criança Interior. Quando na nossa conversa interior recusamos determinadas ideias que nos fariam prazer ou emoções de que gostaríamos, com o pretexto de que não são racionais — coisas que os adultos não fazem — estamos a abandonar a nossa Criança Interior. Por exemplo, ao sentir um impulso para saltar de alegria no parque ou chorar sem reserva a perda de um amigo. Isso é a Criança Interior a tentar mostrar-se.

  Mas quando o “adulto” (adulterado?) em nós diz: “Não, não podes fazer isso! Um homem não chora. Controla-te”. Então A Criança Interior continua na penitenciária.

  Quando a Criança Interior está prisioneira, é como termos sido roubados da nossa espontaneidade e centelha de vida. Somos Um Corpo Sem Alma. Isso poderá levar a uma séria perda de energia, a uma doença crônica ou grave. Quando a Criança Interior é ignorada separamo-nos dos outros. Eles nunca saberão quais são os nossos verdadeiros sentimentos, nunca conseguirão saber quem realmente somos. Isso tornará impossível qualquer relação verdadeiramente íntima. Nunca conseguiremos conhecer-nos. Que tragédia! Que perda!"


  “Para sermos de novo um Ser Humano completo, a Criança Interior deve ser resgatada, abraçada e amada.”